Calvície e queda de cabelo em homens: causas e tratamentos

Entenda a diferença entre alopecia androgenética e eflúvio telógeno e como tratá-los apenas com medicamentos e alimentação

De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, metade da população masculina com até 50 anos sofre com a calvície (Foto: Unsplash)

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, metade da população masculina com até 50 anos sofre com a calvície (Foto: Unsplash)

A calvície é realidade para mais de 50% dos homens acima de 50 anos. No entanto, para homens ainda mais novos, a alopecia androgenética (termo técnico para a atrofia dos cabelos que causa a calvície) já atinge as cabeças de milhões de homens no Brasil e no mundo. Em alguns casos, apenas o transplante capilar pode trazer resultados. A GQ Brasil conversou com especialistas para saber o que pode ser feito para não necessitar dessa intervenção cirúrgica e o que nos leva a perder cabelo.

Começo com um relato pessoal. Tenho 36 anos e comecei a perceber a diminuição dos fios nas famosas “entradas” e no topo da cabeça aos 24 anos. De lá para cá, pouco a pouco, percebi o surgimento de “buracos” que deixavam evidente o inevitável: eu estava ficando calvo.

Em agosto de 2020, de forma errada, comecei a utilizar Minoxidil e Finasterida sem recomendação médica. Percebi uma melhora, mas vi que o tratamento deveria ser feito com um especialista e assim procurei uma tricologista (médica especialista em cabelos) que analisou meu caso e iniciou um tratamento específico. Desde então o surgimento de novos fios e o preenchimento dos “buracos” e “entradas” é evidente.

Primeiro precisamos definir uma diferença importante entre a queda capilar, chamada de eflúvio telógeno e a alopecia androgenética, que é a calvície. Segundo o Dr. Alberto Cordeiro, dermatologista especialista em Cosmiatria e Tricologia, “estresse faz sim cair o cabelo, porém, esse não é um acontecimento genético, tampouco hormonal. Diferente da calvície, a queda costuma ter outras causas e costuma ocorrer por alguns períodos específicos, sem levar a uma rarefação dos cabelos, obrigatoriamente. Esses fios que caem, voltam crescer.

Portanto, o eflúvio telógeno se caracteriza pela queda repentina de fios, que podem ter origem emocional, por exemplo. Já a alopecia androgenética ocorre através da diminuição gradual do fios a cada ciclo, podendo chegar ao desaparecimento daquele fio por completo. Este é o fenômeno que chamamos popularmente de calvície, que tem origem genética. É possível reverter? A resposta é sim.

“Podemos lançar mão de formulações tópicas com fatores de crescimento, outras substâncias estimuladoras e o Minoxidil. Terapias orais se baseiam na Finasterida, lembrando que seus efeitos colaterais acometem menos de 1% dos pacientes e também no Minoxidil, que recentemente vem sendo usado, e em manipulados orais”, pontua o dermatologista Igor Manhães.

Segundo Dr. Alberto Cordeiro, “a alopecia androgenética continua sendo um desafio para o dermatologista, já que os tratamentos clínicos pouco evoluíram com o passar dos anos. A tecnologia sim avançou, sendo uma ótima aliada. Os medicamentos consagrados e muito usados no tratamento da calvície ainda giram em torno de bloqueadores hormonais e vasodilatadores (finasterida e minoxidil)”.

Através desses dois medicamentos de uso diário e contínuo que comecei meu tratamento. Mas o médico alerta que o uso inadvertido desses medicamentos pode trazer riscos.

“A finasterida atua bloqueando a ação do hormônio no folículo, impedindo a miniaturização do fio. O minoxidil age dilatando os vasos do couro cabeludo, aumentando o aporte de oxigênio e nutrientes para o folículo, ajudando no crescimento e alargamento dos fios”, explica o dermatologista com especialização em laser pela Universidade de Harvard.

Além da medicação, é possível realizar sessões de tratamento nas clínicas dermatológicas que estimulam ainda mais a recuperação dos fios de cabelo sem a necessidade de cirurgia: “Na clínica Horaios, temos usado algumas tecnologias pra ajudar no tratamento da alopecia androgenética, como o Enerjet, Fotona capilar e aplicações de substâncias direto no bulbo (mesoterapia), ajudando a reverter o processo”, sinaliza Cordeiro.

Para o Dr. Igor Manhães, “o microagulhamento e o MMP (microinfusão de medicamentos) são os de melhor embasamento científico e na experiência de consultório”. O dermatologista lembra que ao se falar em cabelo temos que ter paciência, pois os resultados vêm meses após o início das terapias, sendo necessária aderência diária do paciente com as medicações e algumas sessões dos procedimentos para se perceber uma mudança no crescimento e na interrupção da queda.

Outro fator importante para a saúde capilar é a alimentação. Idade, saúde, genética e dieta são fatores que influenciam na velocidade de crescimento dos cabelos. Dra. Patrícia Cavalcante, nutróloga especialista em emagrecimento explica que a idade e a genética são fatores sobre os quais não temos controle: “Porém podemos cuidar melhor da nossa ingesta alimentar e de micronutrientes. Uma dieta pobre em proteínas e micronutrientes pode levar à queda de cabelo”.

A ação dos medicamentos deve sempre estar acompanhada de uma boa alimentação: “a deficiência de micronutrientes como o ferro e botina, por exemplo, pode levar a queda de cabelos.  Além disso, comer proteínas adequadas é importante para o crescimento do cabelo porque os folículos capilares são compostos principalmente de proteínas. Foi demonstrado que a falta de proteína na dieta também promove a queda de cabelo”, alerta a nutróloga.

Abaixo a médica dá dicas de alimentos importantes para a saúde capilar:

Os ovos são uma grande fonte de proteína e biotina, dois nutrientes que podem promover o crescimento do cabelo. A biotina é essencial para a produção de uma proteína capilar chamada queratina, razão pela qual os suplementos de biotina são frequentemente comercializados para o crescimento do cabelo. Pesquisas demonstram que consumir mais biotina pode ajudar a melhorar o crescimento do cabelo em pessoas com deficiência de biotina (cerca de 30-40% da população tem deficiência de biotina adquirida). Os ovos também são uma ótima fonte de zinco, selênio e outros nutrientes relacionados aos cabelos. Isso os torna um dos melhores alimentos para consumir para a saúde ideal do cabelo.

O espinafre é um vegetal que é rico em nutrientes como ácido fólico, ferro e vitaminas A e C, os quais podem promover o crescimento do cabelo. A vitamina A ajuda as glândulas da pele a produzir sebo que ajuda a hidratar o couro cabeludo para manter o cabelo saudável. O espinafre também é uma ótima fonte vegetal de ferro, essencial para o crescimento do cabelo. O ferro ajuda os glóbulos vermelhos a transportar oxigênio por todo o corpo para alimentar o metabolismo e ajudar no crescimento e na reparação.

Assim como o espinafre, o feijão é rico em ferro e uma ótima fonte de proteína vegetal, essencial para o crescimento do cabelo. Ele também fornece muitos outros nutrientes para os cabelos, incluindo zinco, biotina e ácido fólico.

A carne é um alimento básico na dieta de muitas pessoas e é rica em nutrientes que podem ajudar no crescimento do cabelo. A proteína da carne auxilia no crescimento e ajuda a reparar e fortalecer os folículos capilares. A carne vermelha, em particular, é rica em um tipo de ferro fácil de absorver. Este mineral ajuda as células vermelhas do sangue a fornecer oxigênio a todas as células do corpo, incluindo os folículos capilares.

Para finalizar, é importante reforçar que a automedicação possui riscos à saúde. De acordo com o Dr. Igor Manhães, “a finasterida age em uma via da formação de um hormônio sexual, com maior efeito no couro cabeludo, tem ação na redução da queda principalmente. É uma medicação usada para doenças de próstata em doses mais baixas, então caso haja algum risco, um urologista deve ser consultado”. Segundo o médico, a redução de libido e impotência são raros e reversíveis após a interrupção da medicação: “O que nem todos sabem é que quem toma finasterida não pode doar sangue (a medicação pode ser esquecida na hora de preencher o questionário de doador) pela possibilidade de transfusão para mulheres em idade fértil”.

Fonte: GQ Brasil

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