Cicatrizes: as marcas na pele que contam uma história

Com diferentes formatos, tamanhos e espessuras, as cicatrizes são resultado de uma lesão e não precisam ficar ali para sempre. A gama de tratamentos é extensa e permite atenuar sua aparência

Imagem Shutterstock 2018

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Elas podem até incomodar, mas é inegável que cicatrizes contam histórias. Seja do nascimento de um filho, de uma peraltice na infância, uma cirurgia, algo importante, marcante. O que não quer dizer necessariamente que é preciso amar a cicatriz que se tem. As histórias podem ficar na lembrança, e as cicatrizes, bem escondidas! E é isso que muitos homens e mulheres buscam: minimizar a aparência de suas cicatrizes recorrendo ao uso de cosméticos e dermocosméticos específicos, além de tratamentos estéticos invasivos e não invasivos. Há uma verdadeira gama de possibilidades capazes de reduzir esse incômodo.

As cicatrizes nada mais são do que o resultado de algum trauma sofrido pela pele, seja por lesões ou cirurgias. “Quando acontece a ruptura da derme, o colágeno vai sendo remodelado e as células que produzem esse tecido de reparação migram para o local até que haja a regeneração do tecido, com o fechamento completo da lesão”, explica a médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Betina Stefanello. Ela conta, ainda, que as cicatrizes são, de certa forma, necessárias, pois servem para o fechamento de uma ruptura da pele. “E não necessariamente isso seja ruim. Elas se formam a partir de uma remodelação e produção de fibras de colágeno e elastina, principalmente através de células do tecido de reparação, como os fibroblastos”, explica.

Vale dizer que qualquer região agredida do corpo pode apresentar uma cicatriz no local. “O tamanho das cicatrizes corresponde exatamente ao tamanho da lesão. Muitas pessoas se queixam de dor e hipersensibilidade no local, mas a principal reclamação é o prurido (coceira)”, diz a gerente de marketing de Cicatricure, Camila Pupo Nogueira.

Uma cicatriz não é igual à outra

Com o passar do tempo e tomando os cuidados necessários para uma correta cicatrização, algumas cicatrizes deixam vestígios poucos aparentes. Mas existem as cicatrizes hipertróficas, que têm como características serem mais evidentes, podendo ter coloração avermelhada. Elas apresentam uma formação elevada em relação ao tecido original e isso acontece durante o processo de cicatrização, quando a formação do colágeno ocorre de forma desorganizada. “Outro tipo é a cicatriz queloide, confundida por muitos com a cicatriz hipertrófica. A cicatriz queloide tem a característica de crescer e expandir o seu tamanho, com elevação da pele. Isso acontece em razão da produção excessiva de colágeno no organismo”, explica a médica dermatologista, Dra. Rosicler Aiza.

As cicatrizes também podem ter aspectos diferentes dependendo do tipo de pele da pessoa. Segundo a Dra. Betina, as que possuem maior quantidade de colágeno tendem a apresentar cicatrizes mais aparentes. “Geralmente, a pele negra tem essa característica, mas não é uma obrigatoriedade. A genética é que determina. Isso acontece porque a pele apresenta maior quantidade de células produtoras de tecido de reparação, como os fibroblastos, por exemplo”, explica.

Tratamento depende do tipo de cicatriz

As diferenças entre as cicatrizes queloide e hipertrófica também se estendem ao tratamento. Segundo o cirurgião plástico, Dr. Marco Cassol, para os pacientes com tendência a formar queloide ele tende a ser mais agressivo e invasivo. “A queloide pode apresentar sintomas de desconforto como dor ou ardência na cicatriz. Já a hipertrófica não apresenta dor nem desconforto e geralmente é plana. A hidratação é uma das formas de tratar as cicatrizes, mas no caso das queloidianas, além dos cosméticos pode-se usar crioterapia, queimando a cicatriz com nitrogênio líquido, entre outros tratamentos. A pressão sobre as cicatrizes com placa, gel e filme de silicone é recomenda para todos os tipos”, diz o Dr. Cassol. Ainda segundo o cirurgião plástico, normalmente os tratamentos duram, no mínimo, dois meses. “Menos do que três semanas não têm resultado algum”, afirma.

A hidratação da área é uma das principais ações dos cosméticos e dermocosméticos indicados para o tratamento de cicatrizes. Apresentados na forma de cremes, loções, géis e até adesivos, esses produtos devem ser aplicados diariamente sob a pele, sempre com a indicação de um dermatologista, que irá não apenas determinar qual o tipo de cicatriz que a pessoa tem, mas também recomendar o produto mais indicado. “A maioria dos cosméticos para tratamento das cicatrizes é à base de silicone, pois ele mantém um equilíbrio contínuo e ideal de hidratação da pele, assim como outros ativos presentes em cremes cicatrizantes como, por exemplo, rosa mosqueta, pantenol, madecassoside”, comenta a Dra. Betina.

Segundo a especialista, a principal diferença entre as apresentações desses cosméticos está no veículo utilizado, se mais oleoso ou seco. “Basicamente, todos atuam de maneira muito parecida, mantendo um equilíbrio hídrico da região e restaurando a barreira cutânea. Devem ser usados tão logo a lesão esteja fechada. Se o ferimento ainda estiver com pontos ou aberto, devem ser evitados”, explica. A médica ainda afirma que todo tipo de cicatriz pode ser tratado sim, mas isso não quer dizer que todo tratamento é eficaz. “Os tratamentos são os mais diversos possíveis, com resultados muitas vezes surpreendentes. No entanto a maioria deles é um pouco invasiva”, comenta.

De acordo com a analista de marketing sênior do Grupo Cimed, Jéssica Álvares, a formulação dos produtos varia conforme a marca. “Podemos destacar ativos como a cepalina, um extrato derivado da cebola que previne e reduz o inchaço e impede a produção excessiva de tecido cicatricial, melhorando a estrutura e a aparência geral da cicatriz”, comenta. Os cosméticos em gel, por exemplo, atuam promovendo processos de regeneração e renovação celular naturais. “Desta forma, auxiliam na recuperação da elasticidade e melhoram a textura e a coloração da pele com cicatrizes e estrias”, diz Camila, de Cicatricure.

Fonte:
Revista Guia da Farmácia
19/07/2018

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