Cabelos, quanto mais naturais melhor

A forte miscigenação das raças e o poder de persuasão da mídia estabeleceu a era dos perigosos alisamentos.

A forte miscigenação das raças e o poder de persuasão da mídia estabeleceu a era dos perigosos alisamentos.

Sem julgar preferências por padrões estéticos ou o direito de cada um decidir sobre o próprio corpo, existe um consenso global sobre beleza natural. Pessoas “bonitas” são aquelas que, além de uma aparência saudável, assumem suas origens, valorizam seus traços e se alimentam de cultura. Detalhes como textura dos cabelos, cor da pele, tipo físico e até sotaques regionais, estão no centro de um dos grandes dilemas da atualidade: A valorização da beleza única versus a plasticidade dos padrões midiáticos.

Personagens criados para a ficção têm forte poder de influência sobre a sociedade por suas trajetórias, carisma e principalmente estilo, mas o que a maioria das pessoas ignora é que o que se vê nas telas é um produto criado para entreter e vender todo tipo de produto baseado no princípio da identificação, onde a publicidade encontra a psicologia e onde as duas criam um valioso produto cultural pautado em lucro.

Diante desta realidade, uma das belezas mais originais e mais remexidas por esta questão é a negra. Em todo mundo, um passado de segregação racial e discussões políticas sobre o lugar do negro na sociedade fragilizou a autoestima de várias gerações. O que se viu entre eles foi uma tentativa de se tornarem mais “brancos”, mas como cor de pele não se muda, foram seus pobres cabelos as vítimas deste processo.

Formol: o benefício de uma vilania.

Discussão social a parte, ao logo das décadas os alisamentos ganharam força, principalmente no Brasil, pela forte miscigenação das raças. Com isso, o mercado de produtos e soluções para esticar (atenção à onomatopeia) os charmosos “toim-nhoim-nhões”, vem crescendo aceleradamente, e a cada nova solução fica a questão: Será que o benefício vale o risco?

Mais da metade dos alisantes capilares disponíveis no mercado ou usados em salões de beleza no Brasil contêm excesso de substâncias que põem em risco a saúde dos consumidores, podendo causar desde queimaduras e queda de cabelo a ferimentos nas vias respiratórias e até câncer. Segundo balanço divulgado pelo ministério da Saúde, foram avaliadas pelo Instituto Adolfo Lutz, 38 amostras de alisantes coletados em várias capitais brasileiras. Deste total, 52,63% estavam em desacordo com a legislação em relação ao teor de princípio ativo. O estudo apontou ainda que 21% dos alisantes continham altos teores de formol, substância irritante e de potencial cancerígeno. O uso de formaldeído em formulações cosméticas só é permitido como conservante e em concentração máxima de 0,2% por 100 gramas. Os alisantes irregulares apresentavam concentrações entre 2,01% e 10,98%, podendo causar irritações, queimaduras na pele e danos irreversíveis nos olhos e nos cabelos.

Muitas mulheres, por não terem qualquer reação do organismo após tratamentos com essas substâncias, mesmo esclarecidas, continuam se favorecendo dos efeitos do formol no alisamento dos cabelos. Vale lembrar que qualquer substância nociva, mesmo em pequenas quantidades, gera um acúmulo danoso com efeitos possivelmente irreversíveis a médio / longo prazo. Por isso, antes de se submeter a novos tratamentos, procure um profissional capacitado e reconsidere os ricos. Mais do que classificar a estrutura e tratar os cabelos, o tricologista avaliará a saúde do couro cabeludo e a importância de uma visita a um dermatologista especialista, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Fontes:
– G1 – http://goo.gl/wbTcU9
– Blog Boas Práticas Farmacêuticas – http://goo.gl/gdjbgQ
– Black Voices – http://goo.gl/E02w1g

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