Em maio de 2015 o Ministério da Saúde confirmou a circulação do Zika vírus no país, desde então o número de pessoas contaminadas e a incidência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus não para de cresce. Em todo Brasil, o número de bebês com a malformação já ultrapassa a marca de 3 mil.
A doença, transmitida pelo mesmo vetor da dengue e da febre chikungunya, é caracterizada por febre baixa, olhos vermelhos sem secreção ou coceira, dores nas articulações, erupção cutânea com pontos brancos ou vermelhos, dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas. Sua evolução é benigna, com um período de incubação de aproximadamente quatro dias, e os sinais e sintomas podem durar até 7 dias. Porém, o maior perigo está no fato do vírus ser desconhecido e também serem desconhecidas possíveis sequelas deixadas pela infecção. Até agora, apenas o que se sabe, é que em mulheres nos primeiros meses de gestação a presença do vírus pode causar malformações no feto, como a microcefalia e possível comprometimento da visão.
Doença democrática
Vitima recente do mosquito aedes aegypti, o dermatologista Daniel Coimbra sentiu na própria pele os efeitos do Zika e reconhece que, no início, quando tomou conhecimento das primeiras manifestações da doença, achava que o problema estaria longe demais da sua rotina a ponto de afetá-la. “Os sintomas começaram com um estado gripal e dores nas articulações, só fui desconfiar que poderia ser o Zika quando apareceram as coceiras e as lesões na pele. Pelas manifestações clínicas e os resultados dos exames laboratoriais, chegou-se ao diagnóstico do Zika ”, desabafa Daniel.
O dermatologista concorda que o poder público deixa a desejar com relação às medidas de contenção do surto, mas concorda que a população também precisa ter consciência que o mosquito pode achar dentro das próprias residências o ambiente perfeito para se reproduzir. “Por se tratar de uma doença causada pela picada de um inseto com extrema autonomia, como o aedes aegypti, não adianta só o estado apresentar medidas para conter o Zika, a dengue etc, a população precisa se mobilizar para evitar que o mosquito se reproduza e faça novas vítimas”.
Prevenção
Por enquanto, a prevenção é a melhor forma de conter a epidemia do Zika. Uma das formas mais eficazes é se proteger contra picadas de insetos: evitar horários e lugares com presença de mosquitos, usar roupas que protejam a maior parte do corpo, usar repelentes e permanecer em locais com barreiras para entrada de insetos como telas de proteção ou mosquiteiros.
Os repelentes são a grande dica dos médicos e a melhor aposta da população. Três substâncias são indicadas pela ANVISA para evitar a aproximação do mosquito, o que as diferencia é o tempo de ação. A fórmula IR3535 oferece até 4 horas de proteção; DEET a 20% protege o indivíduo por 6 a 8 horas; Icaridina, a mais difícil de ser encontrada no mercado, garante proteção de até 10 horas.
Quando questionado sobre suas atitudes depois da experiência com o Zika, Daniel faz um apelo como médico. “Evitar a proliferação do mosquito não é uma opção é um compromisso social, que temos uns com os outros, não interessa o status. Usar repelente todos os dias é, sem dúvida, a escolha mais inteligente”.