Banho Diferente: a importância de cuidar do couro cabeludo

A editora da WH conta sua experiência ao aprender a cuidar do couro cabeludo através da lavagem correta. (imagem shutterstock)

Quem tem o couro cabeludo oleoso precisa de preocupar mais com a limpeza.

RECENTEMENTE, GINA WAY TEVE UMA EPIFANIA

Na pia do lavatório do salão, preocupada que seu cabelo – que já era fino- poderia estar diminuindo, ela apostou em um novo tratamento de beleza japonês chamado Head Spa, um método completo de alta tecnologia voltado para o couro cabeludo e que, supostamente, é um divisor de águas para as madeixas. Mas, enquanto a cabeleira enxaguava e torcia os cabelos de Gina, ela revelou que não eram seus fios que precisavam de ajuda, mas, sim, o couro cabeludo.

Fotos ampliadas mostraram minúsculas estruturas na base dos fios, como dunas de areia, formadas pelo acúmulo de óleo seco, pele morta e restos de produto para o cabelo em torno dos folículos. “Cuidados com o couro cabeludo são um passo essencial para os cuidados dos cabelos”, explicou a profissional que tratava dos seus fios. “Quase todo salão no Japão tem um menu de Head Spa.”

O tratamento capilar de Gina começou com uma limpeza profunda com shampoo, aplicado de forma suave, mas firme, para desobstruir a pele. Em seguida, foi aplicado um gel esfoliante com uma massagem shiatsu por 25 minutos. Shiatsu significa “pressão dos dedos” em japonês e estimula a circulação sanguínea nos folículos capilares. Foi usada água quente para remover o esfoliante dos cabelos e, para secar, um hidratante líquido no couro antes do secador.

Nenhum produto foi usado para finalizar ou deixar o cabelo mais volumoso, mas a diferença era notável. As fotos tiradas depois do tratamento revelaram que as estruturas em forma de dunas de areia desapareceram e não tinha mais nada pesando nos fios. Acontece que a parte do cabelo que a maioria de nós ignora realmente interfere na nossa imagem.

O maior problema ao não cuidar devidamente do couro cabeludo é adquirir uma dermatite, irritação que pode causar escamação e coceira na pele. E esse problema afeta a estética dos nossos cabelos. “Quando o couro cabeludo está muito obstruído, os nutrientes acabam não chegando aos fios como deveriam, então o cabelo fica opaco, quebradiço e sem vida. Além disso, pode causar queda”, explica a terapeuta capilar Alexandra Lopes, do Rio de Janeiro.

 

JOGANDO LIMPO

A solução, claro, é começar pela higienização. Mas na correria do dia a dia, Gina vivia praticamente de shampoo a seco, e ela não é a única. De acordo com uma pesquisa de mercado realizada em 2018 pela Statista (portal que faz estatísticas, estudos empresariais e pesquisas de mercado) o valor de mercado do produto é cerca de U$ 3 bilhões, aproximadamente R$ 11 bilhões, e está crescendo (a América do Norte é a maior consumidora, mas o Brasil não fica muito atrás).

E, no caso de quem usa esses e outros estilizadores leave-in, o método no poo, que propõe não usar shampoos para a lavagem, está prejudicando os fios pois o shampoo age como imãs, atraindo a poluição e os resíduos de produtos ao limpar o couro cabeludo.

Alexandra ainda ressalta: “O shampoo a seco tem partículas que aderem ao sebo do couro cabeludo, dando a aparência de cabelos mais limpos, mas ficar com o produto mais do que dois dias dá efeito rebote e causa obstrução dos folículos”. O ideal, segundo Silvana Araújo, especialista em Tricologia e dona de um spa de cabelos em Brasília, é lavar os fios a cada dois ou três dias e usar o shampoo a seco quando não tiver jeito.

 

LAVAGEM POWER

E no caso de mulheres como a Gina, que lavam os cabelos no máximo duas vezes na semana? O jeito é dar um boost nessas lavagens, para que elas sejam poderosas. Isso é possível com produtos para limpezas e pré-tratamentos que usam ingredientes próprios para o cuidado da pele, como microssementes de damasco, argila, carvão vegetal e até esfoliantes químicos como ácido láctico e ácido salicílico, que ajudam a limpar o acúmulo mais teimoso de sujeira e resíduos das raízes.

O shampoo certo também ajuda a manter o cabelo e o couro cabeludo saudáveis. “O ph do rio e do couro cabeludo são diferentes, esses é o principal motivo para termos produtos específicos para cada em”, ressalta Alexandra. Um erro muito comum, segundo ela, é usar um shampoo antirresíduo para limpar o couro cabeludo, uma vez que esse tipo de produto é específico para os fios. “Por ter um pH mais alto, ele abre a cutícula para remover resíduos grudados no fio, mas não consegue removê-los do couro cabeludo”, conta.

Por outro lado, usar produtos muito hidratantes, quando quem precisa da hidratação é o fio, e não o couro, pode deixar a pele obstruída. Nesse caso, a dica do cabelereiro Marco Antônio de Biaggi, de São Paulo, é utilizar um tratamento pré-shampoo, como óleo hidratante, no comprimento e nas pontas, deixar em pausa pelo tempo indicado e, então, lavar com o shampoo indicado para o seu couro cabeludo. “Lavar o cabelo quer dizer lavar a pele, que é o couro cabeludo, e a fibra, que é o cabelo. Cada um tem uma necessidade diferente”. Afirma Silvana. Gina se convenceu e, apesar de ainda não fazer os tratamentos completos em casa, desistiu do shampoo a seco e começou a lavar os fios com a mesma atenção que teve no Head Spa.

 

BANHO DIFERENTE

A editora da WH conta sua experiência ao aprender a cuidar do couro cabeludo através da lavagem correta.

“Eu sempre achei que tinha a raiz oleosa, até uma marca me convidar para fazer uma análise minuciosa do meu couro cabeludo. O resultado? No meu caso não era minha pele que produzia seco em excesso, mas os produtos que, por não serem bem removidos, acabavam dando a aparência de uma raiz grudenta – eu culpo meu chuveiro com pouca pressão.

Uma visita ao SPA Dios, em São Paulo, me ensinou a maneira certa de driblar esse problema: para que os resíduos não fiquem acumulados, o correto é diluir o shampoo em água. Idealmente, a medida equivale a pegar uma cumbuca pequena, preencher o fundo com cerca de 2mm do produto e, então, colocar mais dois dedos de água antes de misturar e usar para lavar o couro.

Claro que minha primeira pergunta foi: “Mas e para quem tem o cabelo mais comprido?” E eis que descobri que passei a vida inteira – entre cortes curtos e longos – com uma dúvida que nem deveria existir. A medida de produto é a mesma para todo mundo pois, claro, o shampoo serve para lavar o couro, e não o fio.

Após lavar duas vezes com o shampoo, aí, sim, vem a vez das madeixas, que devem ser limpas com o condicionador, também diluído. Para isso, fui instruída a pegar essa mesma cumbuca, colocar uma medida de uma moeda de R$1 de produto, misturar com mais dois dedos de água e então mergulhar os fios no pote (não jogue na raiz), desembaraçar com os dedos ou um pente de dentes largos e enxaguar

Devo confessar que desacreditei na técnica no começo, mas, depois de uma semana com o método novo na cabeça – literalmente – percebi que minhas lavagens já podem passar de dia sim dia não, para um espaçamento de três dias entre elas se quiser.

Eu ainda lavo a cada dois dias por costume, mas, agora, ainda possuo fios soltos no segundo dia – e não fica mais com aparência de que pratiquei três aulas de spinning e uma de crossfit de um dia para o outro.”

 

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