A série de reportagens do Jornal da Band, exibida em 08 de fevereiro de 2018, “Beleza a qualquer preço” mostra o lado mais perigoso das cirurgias estéticas, em clinicas clandestinas, das quais algumas seguem abertas mesmo já tendo até mutilados pacientes com procedimentos ilegais.
Nas últimas duas décadas uma revolução sem cortes, ou sangue, vem acontecendo na medicina estética. Algumas aplicações no rosto e em poucos minutos o resultado. O uso de substâncias como a toxina botulínica e ácido hialurônico, diminuem as rugas, as linhas de expressão, deixando a pele fica mais firme e iluminada.
Embora o número de cirurgias plásticas siga crescendo, não se compara ao aumento dos chamados procedimentos não cirúrgicos, aqueles que podem ser feitos nos consultórios. Nos últimos dois anos, esses tratamentos pouco invasivos, como os preenchimentos faciais, tiveram um aumento de quase 400%
“A 20 anos atrás, mais o menos, chegou a toxina botulínica no Brasil e foi o primeiro procedimento injetável com resultado extremamente natural. O paciente podia retornar as suas atividades normais logo em seguida. Hoje em dia está muito mais acessível, tem muito mais profissionais tratando (o envelhecimento), e as pessoas tem mais acesso a esse tipo de procedimento”, segundo o dermatologista e diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia Daniel Coimbra.
Mas a explosão de possibilidades criou atalhos perigosos, do exagero ao mercado clandestino com a aplicação de produtos ilegais e que podem matar, o mais utilizado é o silicone industrial, fabricado para polir pneu de carro e como vedação em obras da construção civil, o produto vem sendo aplicado em mulheres que querem aumentar, seios, coxas e o bumbum. Quem aplica não conhece o perigo até que os primeiros problemas começam a aparecer, como o escurecimento da pele e muitas dores.
Como esse é um mercado clandestino não há dados oficiais, mas um trabalho pioneiro feito por médicos do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, no Rio de Janeiro, da ideia do tamanho do problema. Nele foi criado um núcleo especial só para atender pessoas com sequelas em decorrência do uso do silicone industrial, a cada semana são três novos pacientes, a maioria mulheres de classe média.
Uma vez injetado é impossível retirar todo o silicone do corpo, só é possível fazer lipoaspirações, para evitar a necrose do tecido, reduzir as dores e deformações. O implante de produtos químicos em procedimento estéticos podem ter consequências mais graves. Em 2014 a modelo Andressa Urach teve uma infecção gravíssima depois que o hidrogel injetado no bumbum e nas coxas provocou a proliferação de uma bactéria. A substância feita a partir da mistura de água com um polímero, injetada com uma anestesia local, é absorvida e eliminada pelo organismo depois de dois anos. O uso do hidrogel é aprovado pela agência de vigilância santanária, mas em quantidades que não devem exceder o equivalente ao conteúdo de uma seringa.
Próteses convencionais também podem provocam complicações, no início do ano a youtuber Camila Uckers também teve uma infecção generalizada dias depois de fazer um implante de silicone no bumbum, a cirurgia afetou o nervo ciático de Camila que passou a ter dificuldade para andar. Ela retirou as próteses e está fazendo fisioterapia.
A fiscalização de clínicas estéticas é feita pelas vigilâncias sanitárias de cada estado, já o combate aos estabelecimentos clandestinos cabe a polícia, que age apenas quando recebe denúncias. A orientação é sempre procurar profissionais especializados.
Fonte:
Jornal da Band | 08/02/2018 | 1ª parte