Ao participar do 2 º Seminário Dengue, Chikungunya e Zika: Desafios na Atenção à Saúde na Chikungunya, no início de dezembro de 2016, na Fiocruz, no Rio, o diretor regional da Fundação Oswaldo Cruz no Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio, disse que epidemias das doenças zika e chikungunya, ambas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, serão ainda maiores no verão de 2017 do que foram na última temporada.
Segundo o pesquisador, que é especialista em medicina tropical, o número de casos em 2016 subiu significativamente em relação ao ano anterior. “Em 2015, foram identificados 38 mil casos de zika e de chikunguya. Em 2016, o número subiu impressionantemente para 255 mil. Só o estado do Rio já teve mais de 15 mil casos da doença até o mês de outubro. Claro que durante os meses em que o calor foi menor e com menos chuvas, a velocidade da transmissão diminuiu, mas agora teremos todas as condições favoráveis. As altas temperaturas e as chuvas intensas são ideais para a proliferação da doença. Como ainda não combatemos esses vírus da maneira adequada, uma epidemia ainda maior se anuncia para os próximos meses”, disse.
O objetivo do encontro foi discutir uma proposta para capacitação de profissionais da área de saúde na abordagem das três doenças. Venâncio disse que os profissionais de saúde, embora sejam capacitados, precisam de uma atualização em seus conhecimentos para saber lidar melhor com este cenário de novas doenças.
De acordo com Venâncio, a transmissão da febre do Mayaro, doença infecciosa aguda causada por vírus, que provoca sintomas semelhantes aos da chikungunya, pelo Aedes aegypti ainda não pode ser confirmada. O pesquisador explicou que o vírus é transmitido majoritariamente por mosquitos silvestres, conhecidos como Haemagogus.
“Isto é, de áreas rurais, de matas e etc. O que houve foi que, em estudos preliminares, foi constatado um potencial do Aedes como vetor do vírus. Esses estudos ainda precisam passar por aprofundamento. A preocupação é com o que chamamos de tríplice epidemia: dengue, zika e chikungunya. Claro que o Rio de Janeiro, por ter a peculiaridade de possuir uma fatia da Mata Atlântica, misturada ao seu espaço urbano, poderia apresentar a presença do Haemagogus, mas isso é algo que também precisa ser analisado com maior cuidado”, afirmou o diretor.
“Nem o sistema público e o privado estão preparados para essa epidemia. Especialmente a zika e a chikungunya que, diferentemente da dengue, exigem uma abordagem multiprofissional. Claro que temos profissionais altamente capacitados, mas há a necessidade da atualização de seus conhecimentos para o manejo clínico, seja com cursos de capacitação na área ou alguma outra ideia. Isso deve ser discutido amplamente”.
Estudos apontam que a maioria dos focos de proliferação do vetor de transmissão dessas doenças esteja próximo das áreas de convivência humana. Por isso é imprescindível que as informações alcancem o maior número possível de pessoas a fim de mobilizar e envolver a comunidade nos programas de prevenção e conscientização para o combate aos focos do mosquito.
Fonte:
Esta matéria foi primeiro publicada em:
https://goo.gl/xK4iML