Lifting Tridimensional Dinâmico: Ligue os Pontos

NOVAS TÉCNICAS DA DERMATOLOGIA PROMETEM DEIXAR O ROSTO MAIS BONITO E COM RESULTADO NATURAL.

Por: Alessandra Medina, Especial Para O GLOBO.

A atriz Julianne Trevisol fez duas sessões do procedimento: “Ninguém nasce perfeito..." | Divulgação O Globo

A atriz Julianne Trevisol fez duas sessões do procedimento: “Ninguém
nasce perfeito…” | Divulgação O Globo

Levanta a mão quem nunca se surpreendeu com a transformação do rosto ao observar fotos antigas. Com o passar dos anos, é normal aparecerem linhas finas e ruguinhas e perder o volume na face, deixando a fisionomia com um ar de cansaço. Com a promessa de reverter os sinais do tempo, mas respeitando as características de cada paciente, uma técnica está fazendo sucesso nos consultórios dermatológicos: os MD Codes, abreviação para Medical Codes, ou códigos médicos, em português. Criado pelo cirurgião plástico Maurício de Maio, esse procedimento vai além das injeções com ácido hialurônico. Depois de mais de 10 anos de estudos, o médico diz ter conseguido mapear com exatidão 79 pontos específicos do rosto que, ao serem preenchidos, resultam num efeito de lifting. Ou seja: dá para ficar alguns anos “mais jovem” em poucos minutos. Também é possível “consertar” quase tudo: olheiras, lábios pequenos, bigode chinês, linhas de marionete, aumentar ou diminuir queixo, afinar ou deixar o rosto mais quadradinho. Tudo isso sem bisturi, com efeitos visíveis na hora e sem as restrições de um pós-operatório. Se o paciente quiser, pode sair diretamente do consultório para uma festa.

“O principal objetivo dos MD Codes não é atingir apenas áreas com rugas e, sim, recuperar o volume de regiões acometidas pelo envelhecimento, restaurar o contorno facial, tratar a flacidez, a queda da pele, as marcas de expressão e as depressões do rosto.” – Enumera Alessandro Alarcão, que atende na Clínica Juliana Neiva, dermatologista de Juliana Paes, Paola Oliveira, entre outras globais.

A consulta começa com o dermatologista perguntando o que mais incomoda ao paciente. Em seguida, o médico entrega uma ficha em que se leem várias opções de como ela se sente ao se ver refletida no espelho. Entre as escolhas: se deseja aparentar menos cansaço, ser menos flácida, ser “mais atraente”, aparentar ser menos brava ou, claro, “mais jovem”.

As correções estéticas são realizadas com ácidos hialurônico, uma substância produzida naturalmente pelo corpo, mas que vai sendo perdida à medida que a idade avança, deixando sulcos, rugas e depressões na pele. Sua versão feita em laboratório é muito semelhante à verdadeira. Com a ajuda de uma agulha, o produto é aplicado entre os ossos da face e os músculos, esticando a pele e devolvendo a sustentação. Todo o processo é feito com anestesia local, e o efeito dura em média dois anos. Os preços variam de R$ 4 mil a R$ 12 mil, dependendo da região que será preenchida.

“É um procedimento muito seguro. E tem uma vantagem: se a paciente não gostar do resultado final, aplicamos uma enzima para dissolver o ácido, e o rosto volta ser como antes.” – Diz Alessandro Alarcão.

Com o passar dos anos, é normal os músculos ficarem “frouxos”, por isso a gordura perde a sua sustentação e se movimenta. Aquela impressão de cansaço crônico, mesmo após uma noite maravilhosa de sono, é resultado da flacidez da pele do rosto (abaixo dos olhos, nas bochechas e mandíbulas). Uma das técnicas usadas para “parecer mais jovem” é feita com aplicações em várias áreas. As principais se concentram ao redor dos olhos. Já o rosto sexy das modelos é conseguido ao se ressaltar a região do arco zigomático, chamada popularmente de maçã. O método é tão popular, que ganhou o nome de “top model look”.

Aos 35 anos, mas aparentando bem menos idade, a atriz Julianne Trevisol procurou Alarcão porque percebia nas fotos que um lado do seu rosto estava maior do que o outro. Em apenas duas sessões, diz ter chegado ao resultado desejado.

“Ninguém nasce perfeito. Acho importante que as pessoas saibam que existe essa técnica ao nosso favor. Hoje, estou muito satisfeita com o meu visual.” – afirma a atriz.

Deborah Secco perdia horas corrigindo suas “imperfeições”, antes de postar qualquer imagem nas redes sociais, até se render aos MD Codes e fazer aplicações nas olheiras e nos lábios. O resultado ficou tão natural, que ninguém percebeu as mudanças. Outra que assume que já recorreu ao tratamento é a cantora Luisa Sonza, que preencheu a boca e ganhou lábios maiores.

Numa busca rápida pela internet, dá para ver que quase todos os dermatologistas oferecem o serviço. E essa é justamente uma preocupação entre os especialistas: o fato de profissionais treinados há pouco tempo realizarem o procedimento. Psicóloga e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-RIO, Joana de Vilhena Novaes diz que o problema é colocar a saúde em risco:
“Nossa sociedade cultua o corpo. E quem é feio acaba preterido no trabalho ou no amor. Recorrer a esses tratamentos para melhorar a aparência pode ser sinal de cuidado pessoal. O problema é ir numa clínica qualquer ou escolher um profissional sem referências.”

Coordenador do departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia e criador do Lifting Tridimensional Dinâmico, uma técnica diferente, mas também com resultados naturais, o dermatologista carioca Daniel Coimbra anda assustado com o que tem visto nas ruas.

“Os MD Codes viraram uma receita de bolo. Vejo médico aplicando ácido hialurônico nas maçãs do rosto e na mandíbula das pacientes. E nem todo mundo precisa disso. Vamos ter uma geração de ‘Malévolas’* e de gente que parece estar com caxumba – critica.

Fonte: O Globo | Caderno Ela – Sábado, 05/01/2019

* Uma referência à personagem do cinema – Maleficent | Disney, 2014.

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