Dermatologia desportiva: cuidados que todo atleta deve ter com a pele

O compartilhamento de aparelhos, alteres e acessórios como tatames e colchonetes nas academias pode representar riscos à saúde da pele quando não higienizados devidamente. (shutterstock)

O compartilhamento de aparelhos, alteres e acessórios como tatames e colchonetes nas academias pode representar riscos à saúde da pele quando não higienizados devidamente. (shutterstock)

No checklist antes do treino, quais os quesitos que fazem você se considerar apto para o início das atividades? Em recente pesquisa feita por uma famosa marca de suplementos, a resposta para a questão acima revelou que grande parte dos atletas está interessada apenas no ganho que o treino pode proporcionar e esquecem que o corpo reage à atmosfera e a reações químico-metabólicas que podem prejudicar a saúde. A pele, maior órgão do corpo humano, talvez seja a mais prejudica devido à exposição a agentes externos e a alterações dos seus tecidos mais profundos, por isso a necessidade de aplicar a dermatologia ao esporte pela sua contribuição para a conscientização, prevenção e tratamento das dermatoses comuns em atletas.

Atividades ao ar livre requerem cuidados específicos, pois expõem seus praticantes à radiação ultravioleta emitida pelo sol. O fotoenvelhecimento é o menor dos problemas, já que a exposição excessiva e sem proteção ao sol pode causar entre outros problemas câncer de pele, o tipo mais comum no Brasil. Usar filtro solar todos os dias é a maneira mais eficaz para evitar estes dois problemas de uma só vez.

A dermatologista Marcella Alves, Sócia da Clínica Les Peaux, no Rio, dá algumas dicas sobre como deixar a pele protegida das agressões do sol:

“Alguns efeitos provocados pela exposição solar são imediatos e muito incômodos, como vermelhidão, inchaço, indução do aparecimento de herpes labial e até formação de bolhas de queimaduras. Efeitos como fotoenvelhecimento e câncer de pele são mais tardios devido a danos acumulados pela pele ao longo do tempo. Por isso é sempre melhor se proteger hoje para garantir a saúde amanhã”, alerta a dermatologista.

Segundo Marcella, o Fator de Proteção Solar deve ser de acordo com o fototipo de cada pessoa, “peles mais branquinhas, rosadas, necessitam de um fator de proteção alto, superior a 50 FPS, pois se queimam com facilidade. Peles mais morenas e amarelas podem usar fator de proteção 30 FPS, e para peles negras, que são mais resistentes, FPS 15 basta. Por isso é importante que o produto seja individual, ou se for tomar emprestado, observar se o fototipo da outra pessoa é equivalente”.

Acne.

É fundamental manter o rosto sempre limpo, para que não haja obstrução dos poros e o fluxo do suor seja natural. É comum alguns atletas apresentarem acnes simples mesmo sob dieta ou livre de histórico familiar devido a essa obstrução. Mas essa limpeza deve ser moderada para não eliminar o manto lipídico, barreira natural de proteção do organismo sobre a pele contra alguns tipos de vírus, fungos e bactérias. Exposição às temperaturas muito baixas, ou muito altas, também podem ser a causa de lesões na pele e precisam ser observadas. O uso de roupas adequadas e o uso de hidratantes após sudorese intensa são fundamentais para ajudar a pele a se recompor do desgaste.

Academia.

A prática de esportes é um mecanismo de saúde e bem-estar, mas oferece alguns riscos à saúde se praticados em ambientes fechados com higiene precária.  Academias de ginástica e musculação são ambientes comumente infectados, principalmente, por fungos devido ao compartilhamento de aparelhos, alteres e acessórios como tatames e colchonetes. É fundamental que tudo o que for compartilhado seja higienizado antes e depois do uso para evitar dermatites e até infecções por fungos e bactérias.

Ainda nas academias, outro vetor de proliferação de microrganismos são os armários dos vestiários. Em ambientes mais quentes e úmidos os microrganismos nocivos têm maior capacidade de se proliferar e por isso é fundamental não deixar que objetos de contato direto com a pele fiquem mal estocados em contato com as paredes internas desses depósitos.

Os fungos são os causadores das micoses, que se apresentam como lesões descamativas, que podem aparecer no couro cabeludo, pescoço, axilas, virilhas e pés. Geralmente o indivíduo queixa-se de coceira de maior ou menor intensidade.

Riscos de Infecções.

Os atletas são mais propensos a apresentarem algumas infecções.  A transpiração deixa a pele mais macia e diminui a resistência de barreira cutânea, formada pela córnea (camada superficial da pele). Alguns acessórios podem manter a pele abafada, criando em ambiente úmido e quente, o que facilita a proliferação de micro-organismos. Junte-se a isso o fato de que a pele, geralmente, apresenta microferimentos que facilitam a penetração de bactérias.

Bactérias conhecidas como Gram-Positivas, podem causar Foliculite e Impetigo. O Impetigo apresenta-se como pequenas feridas de crostas amareladas. São bastante contagiosas e podem ser transmitidas no corpo a corpo esportivo. A Foliculite é outro tipo de infecção, que exibe lesões semelhantes às espinhas, que podem atingir qualquer região do corpo.

Existem relatos de foliculite transmitida através de banheira de hidromassagem, utilizada para a reabilitação de atletas. As lesões aparecem cerca de 2 a 3 dias após o contágio. São bolinhas na pele, de cor vermelha ou amarelo-esverdeada.

Bolhas e escoriações causadas pela fricção da pele com alguns equipamentos ou acessórios também são queixas muito comuns dos atletas. Calçados inadequados facilitam o aparecimento de bolhas nos pés que afetam o rendimento do esportista. Para evitar esse problema é recomendado o uso de lubrificantes de pele, calçados e meias apropriadas, ou mesmo o uso de bandagens nas regiões de atrito.

O atrito da roupa, durante corridas longas, também pode causar lesões nas axilas ou em outras áreas do tronco e quadril. A prevenção pode ser feita com vaselina aplicada na região e o uso de roupas macias e leves. Algumas escoriações também podem resultar do atrito com equipamentos desportivos, como máscaras submarinas, touca de natação, luvas, óculos, etc. Dessa forma, recomenda-se que no caso de qualquer infecção cutânea, o atleta seja mantido afastado de treinos coletivos.

Doenças dermatológicas relacionadas à prática de esportes não afetam apenas atletas profissionais, mas também os atletas ocasionais e por isso é necessário estar atento a qualquer reação da pele e, principalmente, invista na prevenção para combater doenças.

Em caso de dúvidas, procure um dermatologista reconhecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia para garantir dias tranquilos de treinos saudáveis e pele preservada.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>