Tensão causada em quase um ano de pandemia e maior exposição às telas geram rugas e manchas. Resultado: consultórios dermatológicos lotados e novas técnicas para atenuar os problemas
Por Karina Hollo
Estresse e tensão nas alturas. O isolamento social nos colocou — a trabalho ou lazer — cara a cara com as telas. Para piorar, a reclusão nos fez olhar mais para o espelho e para dentro, revelando o que nos incomoda de verdade. O resultado? Consultórios dermatológicos cheios e novas técnicas para reduzir os problemas. “O estresse aumenta a liberação de um hormônio chamado cortisol, que atua de várias formas na pele”, diz a dermatologista Adriana Vilarinho, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Um dos principais impactos do hormônio é a vasoconstrição —que pode causar queda de cabelo, dermatite seborreica (caspa), aumento de oleosidade e acne. Sem falar do aumento da sensibilidade. “Além disso, o nervosismo aumenta a glicação, que eleva a oxidação das células e acelera o envelhecimento”, alerta a médica.
Quem já tem patologias de pele pode ter uma piora do quadro desencadeada pela tensão. “Rosácea, caspa, acne e doenças autoimunes, como vitiligo e psoríase, pioraram consideravelmente nos últimos meses”, observa o dermatologista Igor Manhães, da clínica Les Peaux, no Rio.
A demanda maior no momento é na área dos olhos — eles são o foco em tempos de uso contínuo de máscaras. A ideia é suavizar as rugas, abrir o olhar e melhorar a qualidade da pele. Um dos hits da temporada são os fios de sustentação. Com novas tecnologias, estão cada vez mais fáceis de serem aplicados, minimizando os desconfortos e com menos riscos para os pacientes. Outra novidade é a técnica da glabela (região entre as sobrancelhas). “Nessa área, é feito o bloqueio muscular com toxina botulínica, associado a fios de PDO (100% absorvíveis e compostos de polidioxanona). Esses fios têm garras para ‘abrir’ a pele, esticando a ruga e estimulando o colágeno”, explica Bárbara Medeiros, especialista em fios pelo Marc Institute de Miami.
As delicadas pálpebras também ganham mais evidência. “Para a inferior, pode ser feito o uso de ácido hialurônico e, posteriormente, fios de PDO com objetivo de firmeza, conferindo aquele ar de descanso”, continua ela. Para a elevação da pálpebra superior, são usados fios farpados, associados à toxina botulínica. Juntos, eles fazem a cauda da sobrancelha subir. “Os fios promovem o levantamento de toda a face e estimulam a produção de colágeno. Reposicionam os tecidos com resultados duradouros”, garante a fisioterapeuta dermato-funcional Juliana Teixeira, da clínica Libert, no Rio.
Outra demanda significativa é por tratamentos que exigem uma recuperação mais lenta, como lasers ablativos, peelings profundos e, principalmente, preenchimento de boca. Essa tendência já foi identificada na Coreia, país em que houve uma corrida por cirurgias plásticas nos últimos meses. A ideia é se recuperar do pós-operatório ainda no isolamento e, depois, ressurgir linda quando ninguém mais precisar usar máscara.
E por aqui deve acontecer o mesmo. “Estamos tendo muita associação de procedimentos menos invasivos com os mais radicais, como cirurgia plástica e radiofrequência. Homens e mulheres querem ressurgir maravilhosos após a vacina, sem ficar evidente que fizeram mudanças maiores”, atesta Igor Manhães.
Segundo o médico, o pós-operatório em casa é tranquilo e a máscara esconde o pós-procedimento pesado (também chamado de downtiming). “Nesse contexto, elas adquirem a função de cobrir edemas e possíveis hematomas. A recuperação fica quase imperceptível”, garante o dermatologista. Nunca foi tão importante melhorar a autoestima e o autocuidado.
Fonte: Revista Ela | O Globo.